Até fumaça do Pantanal pode ter contribuído para queda do avião –

Até fumaça do Pantanal pode ter contribuído para queda do avião –
Publicado em 16/08/2024 às 1:57

Fumaça de queimadas do Pantanal, frio extremo, ventos de alta velocidade e ciclone extratropical cooperaram para a criação de condições meteorológicas caóticas que podem ter contribuído para a queda do avião ATR 72-500 da Voepass, em Vinhedo (SP) na última sexta-feira (9).

Análise do Lapis (Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite), da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) detalhou as condições meteorológicas enfrentadas durante o voo.

A análise revela que a aeronave passou por duas grandes oscilações de velocidade durante o voo. A primeira, registrada às 12h52 (de Brasília), a ATR 72-500 foi de 529 km/h para 398 km/h. Alguns minutos depois, às  13h06 (de Brasília), a velocidade oscilou de 604 km/h para 491 km/h.

“À medida que ele [avião] avançava, encontrava uma atmosfera muito mais perturbadora […] Estou olhando para isso apenas do ponto de vista meteorológico, sem saber o que apontavam os sensores da aeronave. É importante destacar que será a análise dos investigadores de todas as evidências disponíveis que poderá confirmar as causas do acidente”, diz o professor Humberto Barbosa, coordenador do Lapis.

Segundo detalhado, no dia em que o avião caiu havia condições atípicas de congelamento, causadas por grande umidade e gotículas líquidas super congeladas, a partir de 6 a 7 mil metros de altitude. A aeronave trafegava cerca de 5 mil metros.

Imagens de satélites revelam que a temperatura da água supercongelada estava em torno de -55°C. As condições em que se encontrava, líquida, pode ter facilitado a aderência à aeronave, se tornado gelo e afetado a aerodinâmica do ATR 72-500.

Além dessas condições, o avião ainda atravessou ventos intensos, vindos da Amazônia e também provocados por ciclone extratropical. Por isso, a velocidade da aeronave, durante parte do trajeto, estava acima da recomendada para a altitude.

O ciclone, formado sobre o Uruguai e Rio Grande do Sul, colaborou para o aumento da umidade na região que ocorreu o acidente. Por imagens  de satélite é possível ver nuvens associadas à frente fria, trazendo massa de ar frio e seco, sobre o nordeste de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, estendendo-se para o oceano Atlântico.

Fumaça – Com o mesmo trajeto da frente fria, a fumaça das queimadas do Pantanal foram levadas pelo ar seco da Amazônia, fixando nos altos níveis da atmosfera. Nessa circunstância, a água fica ainda mais fria e líquida, fazendo a água virar gelo.

O Cenipa extraiu as duas caixas pretas da aeronave e realiza a análise do material. A previsão é de que o relatório preliminar com os dados sobre o acidente dentro de 30 dias.  “Com relação ao CVR, está sendo realizado um estudo minucioso dos diálogos e sons estabelecidos na cabine e com o controle do espaço aéreo. Ainda, por meio do CVR, devem ser identificados os possíveis alarmes sonoros, cuja pesquisa pode requerer, se necessário for, uso de software de análise espectral do som”, aplicou o chefe do CENIPA, Brigadeiro do Ar Marcelo Moreno.